Sistemas de Gestão Logística

Esta masterclass, liderada por Miguel Pereira, um especialista com mais de 40 anos de experiência em logística e Supply Chain Management, propõe uma nova perspectiva sobre os sistemas de gestão logística. O objetivo principal é aprofundar o entendimento sobre para que esses sistemas realmente servem, indo além da mera funcionalidade tecnológica e focando em como eles podem otimizar a eficiência operacional e financeira das empresas. A discussão aborda desde a evolução histórica dos sistemas, como ERP, WMS e TMS, até a importância de um sistema integrado de gestão logística (LMS) que abranja todas as fases da cadeia de suprimentos. Pereira enfatiza que a verdadeira gestão se baseia na resposta a sete perguntas essenciais: o quê, quanto, quando, onde, para quem, como e a que preço, e destaca que a capacidade de uma organização em responder a essas perguntas com acurácia e frequência é um indicador chave de sua maturidade logística. O especialista também aborda a complexidade da integração de sistemas e a necessidade de alinhar as ferramentas tecnológicas às necessidades estratégicas e premissas do negócio para potencializar os resultados.

A Importância dos Sistemas de Gestão Logística

Miguel Pereira iniciou a masterclass destacando a relevância dos sistemas de gestão logística para o sucesso das operações diárias. Ele ressaltou que, embora muitos associem esses sistemas a controle e eficiência, a verdadeira essência vai além. Para Pereira, os sistemas de logística e cadeia de suprimentos são projetados para atender a sete necessidades fundamentais. Sem a capacidade de responder a essas perguntas essenciais, uma organização não pode sequer iniciar o movimento de transporte ou planejar suas operações logísticas de forma eficaz. A superficialidade nas respostas a essas perguntas é um sinal de imaturidade na gestão logística.

Todas essas respostas estão corretas, mas todas elas são superficiais e insuficientes. Desculpa eu estar sendo assim tão duro nestas palavras, mas a objetividade que o tempo me curto hoje me exige me leva a ser um pouco mais duro nestas colocações.

As sete necessidades são: o quê, quanto, quando, onde, para quem, como e o preço. Estas perguntas, aplicáveis a todos os níveis e processos da logística, desde a identificação da demanda até a entrega final, são a base para qualquer sistema de gestão logística eficaz. A profundidade com que uma organização pode responder a elas, e a acuracidade de suas respostas, define seu nível de maturidade.

Pesquisa de Mercado e Percepção dos Sistemas

Durante a apresentação, Miguel Pereira compartilhou os resultados de uma pesquisa que realizou em diversas plataformas, incluindo LinkedIn, para avaliar o conhecimento do público sobre sistemas de gestão logística. A pesquisa mostrou que:

• 34% dos entrevistados consideram o ERP o sistema mais importante.
• 56% apontaram o WMS como o mais importante.
• 8% elegeram o TMS.
• Apenas 2% identificaram o LMS (Logistic Management System).

Pereira expressou sua surpresa com os resultados, especialmente com a baixa porcentagem de reconhecimento do LMS, que ele considera o sistema mais abrangente e, portanto, o mais importante. Isso, segundo ele, demonstra um profundo desconhecimento sobre a terminologia e, possivelmente, sobre o conceito de um sistema de gestão logística completo. Ele enfatizou que, na realidade atual, não existe uma única ferramenta que atenda a 100% das necessidades logísticas e que é preciso trabalhar com diversas ferramentas distintas, sendo o LMS a que mais se aproxima dessa cobertura total.

O Fluxo de Informação na Cadeia de Suprimentos

Para ilustrar a complexidade da logística, Pereira explicou o fluxo de informações na cadeia de suprimentos. Ele descreveu um fluxo linear que vai desde a matéria-prima essencial, passando por todas as etapas de transformação e produção, até chegar ao consumidor final. Paralelamente, existe um fluxo inverso do dinheiro, onde o pagamento do consumidor remunera cada etapa da cadeia.

É impossível fazer logística sem gestão da informação. E aí hoje nós podemos afirmar com muita frequência, com muita seriedade, que é impossível fazer logística sem a existência de ferramentas informatizadas para suportar as operações.

A enorme quantidade de informações geradas nesses fluxos torna inviável a gestão sem o auxílio de ferramentas informatizadas. Essas ferramentas são cruciais para gerar, gerir informações e suportar decisões com base nas perguntas essenciais da logística. A evolução da logística começou com a Inbound Logistics, depois se estendeu para o Outbound Logistics e, finalmente, integrou as funções de compras e suprimentos, dando origem à teoria do Supply Chain Management. Essa evolução histórica explica como os sistemas foram desenvolvidos e as premissas por trás das ferramentas disponíveis hoje.

Os Sistemas e Suas Funcionalidades

Miguel Pereira detalhou os principais sistemas utilizados na gestão logística, explicando suas funcionalidades e a que perguntas essenciais eles buscam responder:

Ele alertou que a escolha da ferramenta deve ser dimensionada ao tamanho do desafio. Um armazém de areia pode ser gerenciado com planilhas Excel, enquanto um centro de distribuição de e-commerce como a Amazon exige soluções sistêmicas próprias devido ao volume e complexidade das operações. A Inteligência Artificial está cada vez mais presente, mas sua eficácia depende da qualidade das perguntas e dos dados fornecidos. A capacidade de fazer as "sete perguntas fundamentais" de forma inteligente será uma das qualidades mais importantes do profissional de logística a partir de 2025.

O Conceito de Sistema de Gestão Logística (LMS)

Miguel Pereira destacou a importância de expandir a compreensão do termo "sistema". Para ele, um sistema de gestão logística (LMS) não é apenas um software, mas um conjunto de ações e processos integrados que atendem a uma necessidade. Um verdadeiro LMS busca cobrir 100% das informações das operações logísticas, respondendo às perguntas essenciais desde o início da cadeia.

As principais funções de um sistema integrado de gestão logística, para atingir uma verdadeira integração, incluem:

• Gerenciamento da demanda.
• Gerenciamento da ordem.
• Gerenciamento de inventário e armazém.
• Planejamento estratégico do transporte.
• Gestão da logística reversa.
• Suporte aos clientes.
• Análise de dados logísticos.
• Gestão de resultados operacionais e financeiros.

Pereira enfatizou que a gestão da logística só é completa quando se considera os resultados financeiros. Muitas empresas industriais e comerciais veem a logística como um custo ou despesa, não como uma fonte de receita, o que dificulta uma gestão financeira adequada. Em contraste, para transportadoras e operadores logísticos, a logística é o core do negócio, e seus gerentes são cobrados pela margem e pelo resultado financeiro de cada operação.

Aplicação e Potencialização dos Resultados

Para aplicar e potencializar os resultados das ferramentas de gestão logística, Miguel Pereira ofereceu orientações práticas:

Por que aplicar essas ferramentas?

• Aumentam a eficiência operacional e financeira da empresa.
• Proporcionam uma abordagem estratégica da logística e cadeia de suprimentos.
• Melhoram a capacidade e competitividade da empresa, permitindo conhecer pontos fortes, fracos, custos e margens.

Como aplicar?

• Subordinando e alinhando as capacidades e recursos das ferramentas às necessidades estratégicas e premissas do negócio.

Quando aplicar?

• Sempre que houver possibilidades reais e mensuráveis de ganhos operacionais e financeiros.

A chave para identificar e escolher a melhor opção para a operação é o conhecimento profundo do negócio. É preciso conhecer o ramo, as características do mercado e as necessidades do cliente. Somente assim é possível formular as perguntas corretas e desenhar estratégias e táticas eficazes. Posteriormente, deve-se detalhar os processos atuais e identificar se geram valor, para então buscar soluções sistêmicas com uma perspectiva técnica e sistêmica global.

Pereira salientou que a integração entre sistemas é um grande desafio, mesmo entre soluções do mesmo fornecedor. Isso ocorre porque as ferramentas foram desenvolvidas para resolver problemas específicos, sem uma visão holística da cadeia. Durante décadas, o foco foi na melhoria da produtividade na produção, mas agora as empresas estão voltando sua atenção para as operações complementares, como logística e cadeia de suprimentos, especialmente com o crescimento do e-commerce.

Takeaways

1. Definição de Sistema de Gestão Logística: Um sistema de gestão logística não se limita a um software; é a combinação de processos, procedimentos e ferramentas informatizadas que, juntos, atendem às necessidades da operação.
2. As Sete Perguntas Essenciais: A gestão logística eficaz baseia-se na capacidade de responder a "o quê, quanto, quando, onde, para quem, como e a que preço". A maestria nessas perguntas define a maturidade logística de uma organização.
3. LMS como Solução Abrangente: O LMS (Logistic Management System), embora ainda não totalmente coberto por uma única ferramenta no mercado, é o conceito mais abrangente para a gestão logística, visando cobrir 100% das informações e operações da cadeia.
4. Foco Financeiro na Gestão: A verdadeira gestão logística envolve a análise de resultados operacionais e, principalmente, financeiros. Quando a logística é vista como um centro de custo, sem apuração de lucro, a gestão é limitada.
5. Conhecimento do Negócio e Integração: A escolha e aplicação de sistemas devem ser guiadas por um profundo conhecimento do próprio negócio, das necessidades do cliente e dos processos internos. A integração entre sistemas permanece um desafio significativo devido às diferentes premissas de desenvolvimento.

References

• Sistema de Gestão Logística: Conceitos e Aplicações
• As 7 Perguntas Essenciais da Logística e Sua Importância
• Comparativo entre ERP, WMS e TMS na Cadeia de Suprimentos
• Desafios e Benefícios da Integração de Sistemas Logísticos
• Logística Reversa e o Ciclo de Vida do Produto