
Quando o Founder tem a síndrome do impostor
A Síndrome do Impostor é um sentimento comum entre empreendedores e profissionais, especialmente aqueles que estão iniciando suas jornadas. Caracteriza-se pela sensação de que, a qualquer momento, as pessoas ao redor descobrirão que você é uma fraude e que seu trabalho não é bom o suficiente. Frequentemente, a síndrome se manifesta como um excesso de perfeccionismo e uma hesitação em lançar projetos, devido ao medo constante de não atender às expectativas. O apresentador compartilha suas experiências pessoais desde o início de sua carreira como programador para ilustrar como superou essa síndrome, enfatizando a importância de se expor, aceitar críticas e compreender que a validação de um produto vem do cliente, não do criador. Ele ressalta que a persistência e a ação são essenciais para lidar com esses sentimentos, sem se prender à busca incessante pela perfeição.
Um Início Problemático e o Primeiro Fracasso
O palestrante relata sua primeira experiência com programação aos 13 anos, quando começou a estudar Dbase 3 Plus e, posteriormente, Clipper. Clipper era uma linguagem popular na década de 80 e 90 para desenvolver softwares em tela preta, como sistemas de controle de estoque. Ele vislumbrou a oportunidade de ganhar dinheiro criando softwares e tentou copiar ideias existentes. Com a ajuda de seu pai e irmão, conseguiu um cliente, mas logo percebeu suas limitações. Não possuía conhecimento sobre comunicação com impressoras e não tinha a quem recorrer para sanar suas dúvidas, pois seus professores de Clipper não tinham profundidade suficiente e a internet ainda não existia como hoje. Desse modo, ele se viu obrigado a confessar ao cliente que não sabia como continuar o trabalho, o que ele descreve como o pior medo de alguém com a síndrome do impostor: ser desmascarado.
"Olha eu não sei fazer... ser desmascarado e dizer que realmente eu sou impostor."
A Experiência no Escritório de Contabilidade
Anos depois, entre 15 e 17 anos, já com mais conhecimento em Clipper, o palestrante trabalhou como office boy em uma empresa de contabilidade. Lá, seus colegas descobriram sua habilidade em programação e pediram-lhe para desenvolver um software simples para uma rádio local. Apesar de ter desenvolvido o sistema, ele sentia que não estava "bom o suficiente" e que não havia conseguido todas as funcionalidades que desejava. Esse perfeccionismo, comum entre empreendedores de Software as a Service (SaaS), o impediu de se sentir satisfeito, mesmo sem estar recebendo por isso. No dia da instalação, ele chegou a pensar em sabotar o disquete para ganhar mais tempo, mas felizmente o software funcionou e a equipe da rádio gostou. Dois anos depois, para sua surpresa, uma vizinha que trabalhava na rádio informou que o software estava sendo usado continuamente e que eles queriam novas funcionalidades, revelando que seu trabalho tinha sido, de fato, muito bem recebido. Isso demonstrou o quanto seu medo e sua percepção da qualidade do software estavam equivocados.
Superando a Síndrome do Impostor com o E-gestor
Quando lançou o E-gestor em 2009, já adulto, com 28 ou 29 anos, o sentimento de ser um impostor ainda persistia. Mesmo com clientes comprando e utilizando o software, ele acreditava que eles logo perceberiam que o produto não era bom o suficiente e cancelariam. No entanto, muitos clientes que compraram em 2009 continuam usando o E-gestor até hoje, o que, segundo ele, foi o que o curou da Síndrome do Impostor. O alto NPS (Net Promoter Score) do software e o feedback positivo dos clientes ao longo dos anos confirmaram que o produto era valioso. Ele enfatiza que o foco principal para o cliente é a resolução de seus problemas, e não a perfeição estética ou funcional excessiva. Embora um bom design e usabilidade sejam importantes, o perfeccionismo pode paralisar o lançamento de um produto.
A Importância da Simplicidade e da Validação do Cliente
O palestrante defende a simplicidade no desenvolvimento de softwares, citando como exemplo os relatórios internos que criou para o E-gestor. Esses relatórios, desenvolvidos em HTML simples, sem CSS, são considerados "feios" por seus sócios e funcionários, mas são indispensáveis devido à sua funcionalidade e à informação que fornecem. Isso exemplifica que a eficácia e a resolução de problemas são mais importantes do que a estética ou a busca incessante por um produto "perfeito". Ele ressalta que sempre haverá alguém melhor ou algo a mais a ser feito, mas é crucial lançar o produto e aprimorá-lo com o tempo. A qualidade de um produto é definida pelo cliente que o utiliza, não pelo desenvolvedor. A sua validação vem do mercado, e não da sua própria autoavaliação. A humildade de aceitar que nem sempre seremos os melhores e a necessidade de se expor são pontos chave para superar a Síndrome do Impostor.
Lições do Jiu-Jitsu e a Superação do Orgulho
Para ilustrar a ideia de que sempre haverá alguém melhor, o palestrante compartilha sua experiência de 13 anos treinando Jiu-Jitsu. Ele observa que às vezes vence lutadores mais fortes e se sente "superpoderoso", mas em outras ocasiões, perde para alguém menos graduado, o que "quebra o ego". Essa dinâmica se reflete no mundo dos negócios, onde sempre surgirão concorrentes com ideias brilhantes. A Síndrome do Impostor, em grande parte, é uma manifestação do orgulho próprio e da falta de humildade, da crença de que é preciso ser perfeito. A solução é agir, colocar as ideias em prática, aceitar críticas e entender que o valor do trabalho reside em sua capacidade de servir e resolver problemas. Ele conclui que não é preciso ser o "melhor" para os outros, mas sim oferecer o melhor de si em seu trabalho, superando os medos e permitindo-se crescer através da execução e da exposição.
Takeaways
- Aceite o Processo: A síndrome do impostor é comum, especialmente para empreendedores. Aceitá-la como parte da jornada é o primeiro passo para lidar com ela.
- Exponha-se e Lance-se: Não espere a perfeição. Lance seu produto ou ideia, mesmo que não esteja 100% pronto. A melhoria contínua acontece depois do lançamento.
- A Validação Vem do Cliente: A qualidade de seu trabalho é definida pelo cliente, não por você. O feedback real de quem usa seu produto é o que realmente importa.
- Priorize a Solução de Problemas: O cliente busca resolver um problema. Um software funcional, mesmo que não seja esteticamente perfeito, é mais valioso do que um software "perfeito" que nunca é lançado.
- Combata o Perfeccionismo e o Orgulho: O perfeccionismo pode ser uma armadilha que impede o progresso. A síndrome do impostor muitas vezes está ligada ao orgulho e à crença de que é preciso ser infalível.
- Aprenda com as Críticas: Esteja aberto a receber críticas e sugestões. Elas são oportunidades de aprendizado e crescimento.
- Não Se Compare Excessivamente: Sempre haverá alguém com habilidades diferentes ou soluções inovadoras. Concentre-se em seu caminho e no que você pode oferecer.
Referências
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