O erro que 99% dos seniors cometem ao escolher entre staff e gerencia

A dinâmica do mercado de tecnologia apresenta um desafio recorrente para profissionais seniores: a escolha entre uma trajetória técnica ou gerencial. Por muito tempo, a única via de ascensão para um engenheiro sênior era a gestão, resultando frequentemente em bons técnicos se tornando gerentes inadequados. Essa dicotomia gerou a necessidade de um caminho alternativo, levando ao surgimento da carreira Staff Plus para valorizar a especialização técnica.

A carreira Y, ou Staff Plus, emergiu como uma resposta a essa limitação. Anteriormente, após atingir o nível sênior, a única progressão clara era para cargos de gestão, como Tech Lead ou gerente. Contudo, essa transição muitas vezes afastava talentos técnicos de suas áreas de paixão e especialização. A criação de papéis como Staff Engineer, Principal Engineer, Distinguished Engineer e, mais recentemente, Fellow, oferece uma trilha de crescimento para aqueles que desejam aprofundar suas habilidades técnicas e impactar a organização sem assumir responsabilidades gerenciais diretas.

Essa era uma situação horrível, pois muitas vezes um bom técnico, um bom sênior, tornava-se um péssimo gestor, porque é uma carreira diferente que exige habilidades diferentes.

Os papéis de Staff Engineer, Principal, Distinguished e Fellow são intrinsecamente focados na excelência técnica e na resolução de problemas complexos. Suas responsabilidades abrangem desde a arquitetura de novos sistemas, pensando em escalabilidade, resiliência e performance, até a otimização de infraestruturas existentes. Esses profissionais atuam como pilares técnicos, garantindo que as soluções implementadas sejam robustas e eficientes, influenciando diretamente a qualidade e a capacidade dos produtos e serviços da empresa. Eles são os líderes técnicos que guiam a inovação e a estabilidade tecnológica.

Diferentemente de um contribuidor individual focado em um único time, Staff e Principal Engineers operam de maneira cross-funcional, impactando múltiplos times ou até mesmo toda a empresa. Um Staff Engineer pode atuar em um a três times, enquanto um Principal Engineer frequentemente influencia quase toda a organização. Em níveis mais elevados, como Distinguished Engineer ou Fellow, o impacto pode ser comparável ao de um Vice-Presidente ou CTO, evidenciando a amplitude e a profundidade de sua influência técnica. Eles são os responsáveis por problemas que afetam a empresa em sua totalidade.

Uma parte crucial do papel de um Staff Engineer é a mentoria. Eles guiam e capacitam engenheiros seniores, plenos e juniores para que atinjam seus objetivos técnicos mais rapidamente, elevando o nível técnico geral da equipe. Além disso, são os responsáveis pela resolução de problemas técnicos complexos que transcendem as capacidades de um único time, atuando como verdadeiros resolvedores de crises. Esse papel exige uma compreensão profunda do sistema e a capacidade de orquestrar soluções em larga escala, sem necessariamente colocar a mão no código diretamente, mas sim orientando e fornecendo a expertise técnica necessária.

Dentro da carreira Staff Plus, existem diferentes arquétipos que um engenheiro pode assumir, dependendo do contexto e do problema. O profissional de alto nível consegue transitar entre esses papéis para maximizar seu impacto. Não significa que você se enquadre em apenas um, mas que você consegue alternar entre eles conforme a demanda da empresa e do projeto.

Em contraste com o foco técnico do Staff Engineer, o papel do gerente, diretor ou similares é eminentemente organizacional. Esses profissionais lidam com os desafios que impedem o fluxo de trabalho e a produtividade das equipes. Suas responsabilidades incluem resolver conflitos internos, remover impedimentos que travam o progresso dos projetos e garantir que a equipe tenha uma performance ótima, mantendo um alto moral. Eles são os facilitadores que buscam alinhar as atividades da equipe com os objetivos estratégicos de negócio, criando um ambiente propício para a entrega de valor.

O gestor, o diretor, vai estar muito mais preocupado com as decisões organizacionais.

A principal diferença entre um Staff Engineer e um gerente reside no tipo de decisão e problema que cada um aborda. Enquanto o Staff Engineer (e níveis acima como Principal) está focado em decisões técnicas complexas e desafios sistêmicos, o gestor (ou diretor) se preocupa com as decisões organizacionais e com a performance da equipe. Ambos são cruciais para o sucesso da empresa, mas atuam em esferas distintas, porém complementares. Entender essa separação é fundamental para evitar sobreposições e otimizar a colaboração entre as funções.

Para ilustrar, imagine um engenheiro júnior com dificuldades nas entregas. É função do gerente identificar esse problema, realizar um acompanhamento visando a melhoria, fornecer feedback construtivo e monitorar a evolução do profissional. O gerente atua na esfera do desenvolvimento individual e da dinâmica da equipe. Por outro lado, se um sistema apresenta uma falha grave ou um problema sério de performance que impacta diretamente as vendas, é responsabilidade do Staff Engineer ou Principal Engineer mergulhar nesse desafio. Ele entenderá o que é necessário para a resolução, que pode incluir orientar os times tecnicamente para a entrega ou definir padrões arquitetônicos para uma nova solução de alto volume. A distinção é clara: um atua nas pessoas e processos, o outro na tecnologia e nos sistemas.

É muito comum ter um Staff Engineer sendo par de um gerente ou um Principal sendo par de um diretor, onde vocês vão ter um entendimento sobre o que precisamos fazer para que um time, vários times ou então toda a companhia consiga estar alinhada ao negócio, mas também com a parte sistêmica em dia, tendo melhor performance, resiliência, escalabilidade.

As funções de Staff Engineer e gerente, embora distintas, são complementares. Elas se ajudam e se casam, em vez de se sobreporem. Um Staff Engineer não deve assumir funções gerenciais, nem um gerente deve tomar decisões puramente técnicas que caberiam a um Staff Engineer. A colaboração entre esses papéis é essencial para garantir que a estratégia de negócio esteja alinhada com a capacidade e a saúde dos sistemas, garantindo performance, resiliência e escalabilidade. Ambos trabalham em conjunto para o sucesso da organização.

Em resumo, Staff Engineers e gerentes não são a mesma coisa; são papéis pares que se complementam, cada um com suas responsabilidades distintas. O Staff Engineer foca em resolver desafios sistêmicos e técnicos, impulsionando a inovação e a qualidade tecnológica. O gerente, por sua vez, dedica-se a superar problemas e desafios organizacionais, garantindo a performance e o bem-estar da equipe. Essa clareza de papéis é fundamental para uma estrutura de equipe eficiente e bem-sucedida, permitindo que cada profissional contribua com sua expertise máxima para o crescimento da empresa.

O vídeo destaca a importância de entender essas distinções para evitar sobreposições e otimizar o fluxo de trabalho. É um convite à reflexão sobre como as empresas estão estruturando suas equipes e como esses dois pilares (técnico e gerencial) interagem para atingir os objetivos de negócio. Aprofundar-se nesses conceitos permite aos profissionais seniores tomar decisões de carreira mais informadas e contribuir de forma mais eficaz para suas organizações. Compartilhe como essas funções são implementadas na sua empresa!