JÁ VIU uma UNHA no MICROSCÓPIO?

Iniciar a discussão sobre as unhas respondendo à curiosidade comum sobre a ausência de dor ao cortá-las. As unhas desempenham um papel crucial na proteção das pontas dos dedos, agindo como uma armadura natural contra impactos e lesões, sendo essenciais para a manipulação de objetos e para a destreza manual. Historicamente, serviram para caça e defesa, e continuam sendo vitais nas tarefas cotidianas.

As unhas podem ser comparadas a diversas ferramentas devido à sua versatilidade. Funcionam como uma chave de fenda para desmontar pequenos objetos, uma pinça para agarrar itens minúsculos ou remover pelos, um formão para raspar superfícies e uma espátula para levantar camadas. Além disso, em situações extremas, a unha pode servir como uma arma improvisada, causando dor significativa.

Quem já levou uma unha bem levada sabe que machuca pra caramba.

As unhas não são ossos transparentes, mas sim formadas por uma proteína fibrosa altamente versátil e resistente, conhecida como queratina. Essa substância é um coringa da natureza e constitui diversas estruturas no reino animal, conferindo durabilidade e forma a partes essenciais do corpo. A queratina é produzida em uma parte viva sob a pele, solidificando-se ao crescer para fora.

A queratina não apenas fornece funcionalidade, mas também define a aparência de muitos animais. Sem penas, um pavão perderia sua beleza distintiva; sem pelos ou chifres, um touro não teria sua imponência. Essa proteína, portanto, é crucial para a estética e a identidade visual das espécies, tanto em humanos quanto em animais diversos, moldando suas características físicas.

A observação de unhas sob o microscópio revela uma estrutura complexa e fascinante, composta por múltiplas camadas de fibras de queratina. Essa organização forma uma superfície com relevos e ondulações que, em alto zoom, assume aparências inesperadas, demonstrando a complexidade de algo tão comum. O material, que foi coletado ao longo do tempo, permitiu um estudo detalhado.

Sob a ampliação máxima, a unha se revela como uma intrincada cadeia de montanhas, com estruturas claras e uma formação de escamas. A visão pode ser peculiar, assemelhando-se à superfície de um planeta extraterrestre ou até mesmo a uma telha de fibrocimento ondulada. É surpreendente constatar que uma parte tão familiar do corpo humano possui uma arquitetura microscópica tão complexa e visualmente rica.

A semelhança material entre unhas, pelos e cabelos, todos compostos principalmente de queratina, sugere que substâncias que afetam uma dessas estruturas podem ter impacto nas outras. Cremes depilatórios, por exemplo, são formulados para amolecer e dissolver os pelos, facilitando sua remoção sem corte, o que indica uma capacidade de desestruturar a queratina.

Uma anedota famosa envolvendo o apresentador Gugu Liberato descreve um incidente onde o creme depilatório, ao entrar em contato com suas unhas, as deixou amolecidas e flexíveis, perdendo sua rigidez característica. Essa história, embora sem registro oficial, serve como base para um experimento prático. O teste em pelos do braço demonstrou a eficácia do creme em dissolver a queratina superficialmente, sem afetar a raiz do pelo.

Se a queratina dos pelos ela derreteu, ela se desfez aqui, se esse creme é capaz de afetar a estrutura da queratina, alguma coisa parecida tem que acontecer com a unha também.

Para aprofundar a compreensão da queratina, foi realizada uma observação microscópica de um pelo de barba. A análise visa verificar se a estrutura escamosa, similar à encontrada nas unhas, também está presente, reforçando a ideia da universalidade e das variações da queratina em diferentes tecidos do corpo.

Sob o microscópio, o pelo da barba do Jansen revelou uma superfície "cascuda" com escamas, muito semelhante à estrutura observada nas unhas. Embora com algumas variações, a impressão é de uma textura ligeiramente mais lisa. Essa similaridade estrutural reforça a compreensão de que tanto as unhas quanto os pelos são manifestações da mesma proteína fundamental, a queratina.

Após o período de exposição ao creme depilatório, as unhas demonstraram uma transformação notável. O resultado foi um amolecimento profundo, alterando completamente sua textura e rigidez. Elas se tornaram maleáveis, assemelhando-se a arroz cozido, macarrão ou até mesmo pedaços de silicone, comprovando o efeito desestruturante do produto sobre a queratina.

A flexibilidade adquirida pelas unhas foi extrema, fazendo-as perder integralmente sua função protetora e de ferramenta. Esse experimento prático confirmou a hipótese de que a história do Gugu é, de fato, possível. A capacidade do creme de tornar as unhas "borrachudas" evidencia a ação do produto sobre a queratina, independentemente de ela estar em pelos ou unhas.

A razão pela qual cortar as unhas não provoca dor reside no fato de que a porção visível da unha é composta por tecido morto. Diferentemente de outras partes do corpo, essa estrutura não possui terminações nervosas nem suprimento sanguíneo, tornando-a insensível ao corte. A parte viva da unha, responsável pela sua formação, está localizada abaixo da pele.

A investigação sobre as unhas, partindo de uma pergunta simples, revelou uma vasta gama de conhecimentos sobre sua função, composição e propriedades. Desde a proteção dos dedos até sua composição de queratina, passando pela análise microscópica e experimentos com produtos químicos, a complexidade desse apêndice do corpo humano é surpreendente.

Uma ideia divertida, mas desafiadora, era criar uma "bola perfeita de unha" usando as unhas amolecidas pelo creme. Contudo, o creme apenas amoleceu o material e não o tornou aderente o suficiente para formar uma massa coesa. A busca por métodos para aglomerar unhas de forma criativa continua em aberto, e sugestões da comunidade são bem-vindas. Vale a pena conferir o vídeo sobre a bola perfeita de pelo de vaca para mais curiosidades.